Enquanto a Tia Anica raspava
o Tio Custodio remava lentamente num vai e vem
entre a ponte e a ponta da ilha,
pesquisando os fundos da ria tentando pescar
algum polvo ressacado ou algum choco adormecido;,
o Vermelhinho, fumava um cigarro emprestado,
sentado turisticamente num barril vazio de Imperial
escarrando alegremente e a intervalos de tempo regulares,
para o meio da passadeira aquecida por um Sol generoso de fins de Janeiro...
Cenas do passado!
Havia qualquer coisa de estranho,
No seu correr, no seu tamanho.
Qualquer coisa de especial,
No seu olhar cordial,
no abanar de rabo,
no pescoço sem trela...
Não era um cão,
mas uma Caravela!
Pensávamos muito juntinhos:
O céu de Paris, o tempo todo,
A ausência da primavera.
Compramos corações azuis à florista
Da esquina onde um acordeão cantava Piaf
Num mundo cor-de-rosa!
As águas do Sena bebiam as gotas de chuva
E no vinho engarrafado num castelo da Normandia.
Jogámos às sortes e perdi o olhar das estrelas
E tu a virgindade!
… e se o mundo nada mais fosse
Do que o imenso azul-marinho desbordando
Sobre a areia quente das nossas últimas férias.
… e se a vida nada mais fosse
Do que o
antes que a loja do futura
faça o balanço contabilístico da nossa existência comum.
Mais uma coincidência perfeita:
Ela continua ela; e eu continuo… eu!
Que futuro para o meu passado?
Introduzo a tristeza
…como convidada de honra
Neste último encontro:
… abandonei o meu barco
No braseiro arenoso da praia e
… comecei a minha vida de
Náufrago terrestre, dialogando com o luar
… colido frequentemente com
Moribundos sem leme e sem rumo:
… infâncias anónimas com varandins de
Suspiros e cânticos inúteis.
Noites tempestuosas
…esfregando o meu corpo numa cama
Com lençóis de águas profundas:
Embarquei, ingenuamente numa Utopia…
Cicatrizes que sagram como carícias ausentes!
Que futuro para o meu passado?
Desabafos? Poesia? Ou simplesmente.... pipocas?
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três caminhos:
o Atlântico, promissor e imprevisível;
a Cidade, vida trivial e rectilinea e...
a inquietude do vento de Norte
penteando as dunas protectores.
Instante coincidente, obstinado e incorrigivel, em opsição à quantificação universal, persistindo em denunciar a imoraliade da morte, a "negritude" da escuridão, a diferença do mesmo, do redundante, do tautológico... do significado. Instante em que observo e sou invadido pela saudade do presente, pela necessidade de um" Jardim de Epicuro sem limites nem contornos geográficos, um jardim portátil , um jardim virtual com consequências reais, que a modos do Cavalo de Tróia, entrasse pelas cidades iniciando um combate contra a trivialidade do Mundo". Um combate pelos contrastes de luz, um combate em defesa das noites estreladas de um Agosto na Armona, um combate contra os penteados lacados e gelificados das senhoras esposas de senhores donos de máquinas registadoras da penúria dos que esticam o salário para poderem olhar esse céu de Agosto.
( continua)
Entrou pela casa dentro ignorando a minha presença. Estacionou frente á neutralidade branca da porta do frigorifico. Continuei sentado no pátio, olhando desinteressadamente a solidão da praia, numa tarde amena de fim de estação. Permanecemos assim, distanciados e mudos, até ao cair do sol, por detras dos edificios espetados na linha do horizonte. A minha passividade e frieza devem ter ferido o seu orgulho canino, porque desceu as escadas do patio e desapareceu no final da passadeira, em direcção ao cais de embarque. Reapareceu na manha seguinte, trazendo entalada entre os dentes uma enorme perna de frango, como quem acaba de chegar de um qualquer "fast food "imperialista. Escolheu um dos cantos do patio e devorou, num ritmo cadenciado, a perna do galinaceo. Aproximou-se e olhou-me orgulhosamente satisfeito fazendo movimentos tipo escova limpa para-brisa com a lingua. Como não domino o cãoguês, fiquei atrapalhado por não compreender o que tudo aquilo queria dizer. Decidi dar-lhe uma gamela de agua. Parece que era isso mesmo que ele queria. Prometi então, começar um curso intensivo de cãoguês, porque senti que este animal tinha muito para me dizer e para me ensinar. O que se vem a confirmar, porque o Caravela, ensinou-me que o respeito do espaço e da dignidade do outro cimentam a amizade.
Sinto imenso a sua ausência!
A febre dos deuses Bronzeia o teu corpo
Nas noites vazias de estrelas.
A minha boca paira Sobre o teu rosto.
Canções de embalar aliviam ausências definitivas:
Inventei um relógio usando
O colorido do teu sorriso:
Por vezes a lua é redonda!
Uma folha resiste ao Outono:
O sinal para mais uma despedida!
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